Quando as relações satisfazem necessidades de dependência...





Vivemos numa época em que a sociedade do consumo criou o império da perda de validade, o que foi transposto para as relações. Não só caducam os produtos, como também as relações. Desapareceram as nossas referências de segurança e somos invadidos pelas incertezas. Receamos estabelecer relações duradouras. Os vínculos são frágeis e parece que dependem apenas dos benefícios que geram. Trata-se de relações efémeras, sem compromissos. Satisfazem pontualmente certas necessidades. São relações de desconhecimento mútuo. O indivíduo acaba por dar consigo na cama com qualquer um por orgasmo, o prazer do momento, o efémero. Criou-se o vício do prazer. 

Quando as relações satisfazem necessidades de dependência e adição, tornam-se nocivas, são impulsivas e passionais. Esses desejos incontrolados acabam por danificar a relação e as pessoas nela envolvidas. 

Segundo Jiddu Krishnamurti, ‘mantemos a relação com alguém apenas enquanto for gratificante, enquanto nos oferecer um refúgio e nos satisfazer. Mas, no momento em que for perturbada por alguma coisa que nos incomode, descartamo-la. Por outras palavras, a relação existe enquanto nos sentimos gratificantes.’ 

Homens e mulheres vivem desesperados em busca de uma relação, visto que se sentem facilmente ‘descartáveis ‘ e abandonados aos seus próprios recursos. Estamos todos ávidos de encontrar a segurança que a união proporciona; ávidos de encontrar alguém com quem possamos contar nos momentos difíceis; ávidos de nos relacionarmos com alguém para fugirmos de nós e do isolamento que a solidão nos pode provocar. Ao mesmo tempo, duvidamos de que essa relação possa durar para sempre. Existe o medo de que se transforme numa carga insuportável, numa pressão que limite a nossa liberdade. 

Deste modo, a ideia de relação está simultaneamente carregada de atracção e ameaça, atrai pelo prazer da possível união; ameaça ser uma armadilha que nos aprisione e asfixie.

Os amores do presente têm um ponto fraco, é mais fácil a arte de pôr fim às relações do que a arte de as criar e construir. 

O esforço para perpetuar a convivência e por conservar a relação com o parceiro reside, por um lado, na manutenção de honra sentimental, emocional e sexual, sendo, por outro, necessário que existe um propósito que vá mais longe do que o individuo na relação, um projecto comum.

Comentários

Unknown disse…
lamentavelmente é a realidade!!
e podemos ainda acrescentar ao texto!!.

" tenho medo de perder aquilo que ainda não tive"

bjs, lina

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