A Palavra Falada (parte III)

(continuação de A palavra falada-parte II)

O prometido é devido! E também porque sinto fascínio pelo tema…

A palavra pensada ou dita determina a nossa vida, é como o motor de arranque para tudo o que realizamos e para tudo o que acontece. 

As palavras marcam a nossa vida e, como tal, é preciso saber como utilizá-las em cada situação. Como se deve então usar correctamente a palavra? 

Antes de mais, é preciso conhecermos o impacto que a palavra origina em cada um de nós. O grau de facilidade, e/ou simplicidade, passa pelo grau de negativismo que cada um possui. Se formos negativos, obviamente que é menos fácil a prática. 

São as palavras que nos estimulam, activam a nossa motivação interior, desenvolvendo o movimento das nossas células. Cada palavra tem uma energia própria. Muitas vezes exprimimos incorrectamente as palavras. Quantas vezes, o que afirmamos não é o que estávamos a pensar dizer? Ou, ainda, sem nos darmos conta, dizemos não, quando queremos dizer sim. Quem é que já não passou por essa situação? 

Para ajudar a pôr em prática esta teoria, aqui vão algumas palavras que pode abolir do seu léxico, substituindo por outras positivas (eu comecei a fazê-lo há cerca de dezassete anos). Dias há em que tudo flui naturalmente, outros com menos facilidade, mas é tudo uma questão de disciplina mental… 

NÃO - a frase que contém esta palavra, para ser compreendida, traz à mente o que está junto com ela. O NÃO existe apenas na linguagem e não na experiência. Por exemplo, se pensarmos em NÃO, nada vem à mente, mas se nos pedirem para não pensar em macaquinhos amarelos, é certo e sabido que pensaremos neles. Procure falar no positivo, diga o quer, e não o que não quer. Por exemplo, uma pessoa que diz a outra ‘Não utilizes o meu telefone’, o melhor é dizer algo como ’Somente eu utilizo o meu telefone’, ou ‘Estás proibido de utilizar o meu telefone’. Simples e directo. 

MAS - Esta palavra nega tudo o que proferimos antes. Exemplificando: ‘O Jorge é um homem inteligente, esforçado, mas … Em vez de ‘mas’, use ‘e’. 

TENTAR – Esta palavra pressupõe a possibilidade de falhar. Quase todos nós (digo quase, porque pelo menos eu já não o faço), têm o hábito de proferir: ‘Vou tentar … (qualquer coisa)’. Fiquem certos de que essa pessoa tem grande possibilidade de não fazer, porque vai tentar. Evite ‘tentar’ e faça. 

NÃO POSSO, ou NÃO CONSIGO - expressões que dão ideia de incapacidade pessoal. Use 'Não quero, Não podia, ou Não conseguia', que pressupõe que vai conseguir, que vai poder. 

DEVO, TENHO QUE, ou PRECISO - pressupõem que algo externo controla a nossa vida. Em vez delas usemos 'Quero, Decido, Vou'. 

SE - Substitua por 'Quando'. Em vez de dizer ‘Se conseguir ganhar dinheiro, vou viajar’ diga antes ‘Quando conseguir ganhar dinheiro, vou viajar’. 

ESPERO - Substitua por 'Sei'. Exemplificando, em vez de ‘Espero aprender a falar alemão’ diga antes ‘Sei que vou aprender alemão. A palavra ‘esperar’ suscita dúvidas e enfraquece a linguagem. 

Fale dos problemas ou das descrições negativas de si mesmo, utilizando sempre o verbo no passado. O poder está no presente. Por exemplo, ‘Tinha dificuldade em fazer ... (qualquer coisa). Em contrapartida, fale das mudanças desejadas para o futuro utilizando o tempo presente do verbo. Por exemplo, em vez de dizer ‘Vou conseguir’, diga ‘Estou a conseguir’. 

Substitua o modo condicional pelo modo presente. Em vez de dizer ‘Gostaria de agradecer a vossa presença’, diga ‘Agradeço a vossa presença’. No modo presente tem mais força e é mais concreto. Lembre-se que o poder está no presente. 

É possível que, antes de experimentarem, sintam alguma resistência. De qualquer maneira, sei que quando o fizerem, verão os efeitos quase imediatos!

(este texto não segue as regras do novo acordo ortográfico)