Geração patética? Esqueçam lá isso...
Têm entre 45 e 55 anos mas vivem como os de 30.
E se há quem insista em ver nisso um comportamento patético, desenganem-se: quem assim vive, está mais do que certo.
Pela primeira vez na história, os 50 anos representam metade da vida – seja em termos psíquicos, físicos ou neurológicos.
Desde as actividades preferidas para os tempos livres, aos destinos de viagem escolhidos, ao tipo de roupa preferido, à música, aos carros, aos filmes e séries constantes da lista de imperdíveis, às actividades desportivas, às saídas noite fora, à utilização das redes sociais, nada difere da lista de preferências da geração de 30. Ou melhor, quase nada.
Apenas a experiência aparece a marcar pontos. E muitos.
Donde, se tem entre 45 e 55 anos e continua a sentir-se como um eterno adolescente, respire de alívio, sacuda a culpa – se é que dela ainda sobra algum vestígio – e viva a seu bel-prazer porque atingiu o seu ponto G.
G de Geração Gaiteira.
Pela primeira vez na história da humanidade, a idade já não é tida como principal factor de risco para a falta de vivacidade, para a falta de vontade, de entusiasmo, de alegria, de capacidade física ou desempenho sexual.
Até o sorriso aparece rejuvenescido. Não é incrível? Não, não é.
É a realidade a dar resposta ao desejo. Com um excelente nível sociocultural e uma capacidade física cada vez mais em forma, o estilo de vida desta faixa etária apresenta um impulso verdadeiramente desconcertante.
Há pouco mais de uma geração, era muito comum ouvir dizer que os homens de 50 facilmente trocavam a mulher por duas de 25. Pois é. Já era.
Hoje em dia, também as mulheres decidiram ir a jogo. Aliás, são elas quem baralha, parte e dá. As cartas são postas em cima da mesa sem que haja divisão prévia do baralho. Tudo vai a jogo em igualdade de género e circunstância. Nada de fragilidades pré-concebidas ou pré-conceitos a viciar o jogo. Nada disso. As cartas já estão lançadas. Joga quem quer, como, onde e quando quer. Vence quem vai a jogo e puxa dos trunfos. E são muitos. Surpreendentemente, cada vez mais.
Falar da 'crise de meia-idade' tornou-se, pois, desadequado.
Tornou-se obsoleto.
Está inventada uma nova vida. Uma vida nova. Uma vida boa.
A vida dos que a querem e sabem viver.
Nascidos nos anos 60/70, nada neles parou no que toca a viver. Viver bem. De preferência, até, cada vez mais e melhor. Não querem nem se deixam bloquear no prazer – qualquer que ele seja. Rejeitam rótulos anteriores e vivem segundo as melhores etiquetas.
Da medicina à estética, da alimentação ao desporto, são cada vez mais os aliados que se prontificam a agir – e a reagir – contra o efeito do passar da idade.
Até mesmo a questão da intervenção sobre o próprio corpo passou, também ela, a ser tida como mais um elemento a ter em consideração: deixando de ser tido como um objectivo despropositado, ridículo, fútil e passando a ser encarado, em grande parte dos casos, como mais um ponto crucial para o bem-estar geral. Não que se recusem a envelhecer, querem é ser beneficiários de um rejuvenescimento objectivo.
Há pouco mais de quinze anos, uma cinquentona era uma mulher com a vida arrumada.
Pior: era uma mulher acabada.
Hoje, pelo contrário, sai disparada para o começo de uma nova vida; já que tem consciência que pode ter pela frente mais quarenta ou cinquenta anos de (boa) vida para usufruir. De preferência, uma vida leve, divertida e com o máximo de prazer.
Está mais que na hora de rever os segmentos etários que vêm sendo utilizados.
Há que juntar à terceira das idades pelo menos mais duas: a quarta e a quinta.
Esqueçam a marcha-atrás. Arranquem antes que seja tarde. Revejam códigos, conceitos, tempos e velocidades. Reciclem o óleo do motor. Afinem travões, dominem o acelerador e partam à descoberta da segunda fase da vida. Porventura a melhor. Façam da vida um bom e tranquilo passeio. Olhem pelo retrovisor de forma moderada. Para os lados, sempre que a vista assim o justificar. Fundamental, mesmo, é ter a atenção focada no caminho a percorrer. Um caminho que ainda só vai a meio. A meio do que há de melhor.
E como é bom viver sabendo que o melhor ainda está para chegar.
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