A forma como o corpo de dor se alimenta do drama, segundo Eckhart Tolle





Se viver com outras pessoas, o corpo de dor (*) vai tentar provocá-las, de preferência o seu cônjuge ou parente próximo - vai tentar espicaçá-las, como se costuma dizer - para se poder alimentar do drama subsequente. 

Os corpos de dor adoram relacionamentos íntimos e famílias, pois é deles que extraem a maior parte do seu alimento. É difícil resistir ao corpo de dor de outra pessoa, se estiver determinado a provocar uma reacção em nós. Instintivamente, ele descobre quais são os nossos pontos mais fracos, mais vulneráveis. Se não for bem sucedido da primeira vez, o corpo de dor tentará as vezes que forem necessárias. É a pura emoção à procura de mais emoção. O corpo de dor da outra pessoa quer despertar o nosso, para ambos se poderem alimentar mutuamente.

Muitas relações vivem episódios violentos e destrutivos do corpo de dor em intervalos regulares. É quase insuportavelmente doloroso para uma criança ter de assistir à violência emocional dos corpos de dor dos pais, porém, este é o destino de milhões de crianças em todo o mundo, o pesadelo da sua existência quotidiana. Esta é também uma das principais formas de transmissão do corpo de dor, de geração em geração. Após cada episódio, as pessoas fazem as pazes e verifica-se um interregno de paz relativa, dentro dos curtos limites permitidos pelo ego.

O consumo excessivo do álcool costuma igualmente activar o corpo de dor, sobretudo nos homens, mas também em algumas mulheres. Quando uma pessoa se embebeda, sofre uma mudança total da personalidade com o assumir do controlo pelo corpo de dor. Uma pessoa profundamente inconsciente, cujo corpo de dor se reabastece habitualmente através da violência física, costuma dirigir essa violência para o seu cônjuge ou para os seus filhos. Quando está sóbria, a pessoa arrepende-se verdadeiramente e pode prometer que nunca mais repetirá esse comportamento, com uma intenção autêntica de cumprir a promessa. 

Porém, a pessoa que está a falar e a fazer promessas não é a entidade que inflige a violência, por isso podemos ter a certeza de que a mesma coisa se repetirá vezes sem conta até essa pessoa se tornar presente, reconhecer o corpo de dor que existe dentro de si mesma e, por conseguinte, deixar de se identificar com ele. Em alguns casos, o apoio psicológico pode ajudar a alcançar esse objectivo.

(*) campo energético de emoções antigas negativas que quase todos os seres humanos têm

Autor: Eckhart Tolle in 'Um Novo Mundo'

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