Antes só do que sem ti
Quando casamos foi isso que me passou pela cabeça: um egoísmo humano, passe a redundância.
Sabia que havia uma vida toda pela frente e que a dimensão do tempo era a dimensão da tua ausência.
Dói-me o espaço que não preenchemos juntos. As horas são lentas, ferozes, depois de entender que não estás.
Quero ocupar-me de ti para me sentir ocupado: colonizado, até, vítima de uma dependência que ninguém entende – e ainda bem: é sinal de que ninguém a sente assim.
Há quem queira legislar sobre o amor, determinar o seu grau de equilíbrio, a sua perspetiva de futuro.
A mim interessa-me apenas compreender como havemos de continuar ilesos, sem fazer a mínima ideia de onde vimos e para onde vamos – mas sabendo que vamos juntos.
É isso, no limite – e mesmo sem limites -, o amor: um lugar que não fazemos ideia de onde fica, um caminho que não fazemos ideia de para onde vai, mas para onde vamos juntos.
O destino é certo quando a companhia é certa: somos os lugares que sentimos, nunca os que visitamos.
Por Pedro Chagas Freitas, in 'PrometoAmar'
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