A Voz do Silêncio
Quando fazia a habitual pesquisa na net encontrei (por acaso?) uma pequena citação que dizia assim: ‘Pior do que uma voz que cala, é um silêncio que fala'.
Simples, curto e tão verdadeiro! Não positivo, mas verdadeiro!
Lembrei-me imediatamente de situações em que o silêncio me disse terríveis verdades... Um telefone que não toca... Um e-mail que não chega... Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca... Silêncios que falam sobre desinteresse, esquecimento, recusas. Silêncios carregados de ‘palavras’…
Quantas coisas são ditas na quietude, depois de uma discussão. O perdão não vem, nem um beijo, nem uma gargalhada para acabar com o clima de tensão... Só o silêncio permanece imutável, o silêncio, a ante-sala do fim. É mil vezes preferível uma voz que diga coisas que não queremos. Pelo menos, as palavras que são ditas, indicam uma tentativa de entendimento. As cordas vocais em funcionamento articulam os argumentos, expõem as suas queixas, falam a verdade.
Já o silêncio arquitecta planos que não são partilhados. Quando nada é dito, nada fica combinado. Quantas vezes, numa grande discussão, um dos dois grita: ‘diz alguma coisa! diz que não gostas mais de mim! Mas não fiques aí parado, sem nada dizer e olhando-me apenas!’ É o silêncio de um, mandando más notícias para o desespero do outro...
É claro que há muitas situações em que o silêncio é bem vindo. Para uma pessoa que trabalha com muito ruído, o silêncio é um bálsamo! Para a professora de uma creche, o silêncio é um presente! Mesmo no amor, quando a relação é sólida e madura o silêncio a dois não incomoda, é o silêncio da paz...
O único silêncio que perturba é aquele que fala. Nem sempre se percebe – ou não quer perceber - a mensagem…
(este texto não segue as regras do novo acordo ortográfico)
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